8 de dezembro de 2010

A Christmas Carol: Uma Canção de Natal

de Charles Dickens


O Espectro de Marley


  Para começar, digamos que Marley tinha morrido. Neste particular, não pode haver absolutamente a menor dúvida; a ata dos seus funerais havia sido assinada pelo vigário, pelo sacristão, pelo homem da empresa funerária e pelas pessoas que haviam conduzido o féretro. Scrooge também a tinha assinado. Ora, Scrooge era um nome bastante conhecido na Bolsa, e sua assinatura era um documento valioso, onde quer que ele a colocasse. O velho Marley estava tão morto como um prego de porta.

  Perdão! Não quero dizer com isto que saiba por experiência pessoal o que possa haver de particularmente morto num prego de porta. Por mim, eu estaria mais inclinado a considerar um prego de ataúde como a coisa mais morta que possa haver no comércio. Mas, como devemos esta comparação à sabedoria dos nossos antepassados, tenhamos todo o cuidado em não profaná-la, ou, do contrário, o país estará perdido. Assim pois, vocês hão de permitir-me repetir, com insistência, que Marley estava tão morto como um prego de porta.

  Acaso Scrooge sabia que Marley estava morto? Evidentemente, sim. Como poderia ser de outro modo? Marley fora seu sócio durante não sei quantos anos; Scrooge era seu único executor testamentário, o único administrador dos seus bens, seu único herdeiro, seu único amigo. De resto, este triste acontecimento, mais que suficiente para perturbar qualquer outro, não o abatera a ponto de fazê-lo perder suas notáveis qualidades de homem de negócios, pois havia assinalado o dia dos seus funerais precisamente por uma especulação das mais felizes.

  A menção dos funerais de Marley leva-me novamente ao ponto de partida. É absolutamente certo que Marley estava morto. Este ponto tem de ficar rigorosamente assentado, sem o que, a história que vou contar não apresentaria nada de extraordinário. Se nós não estivéssemos perfeitamente convencidos de que o pai de Hamlet se achava morto antes de levantar o pano do palco, o fato de vê-lo passear sobre suas próprias muralhas, por uma noite de tempestade, nos teria surpreendido tanto quanto se tal fato se tivesse dado com um fidalgo qualquer, que altas horas da noite se levantasse e temerariamente fosse errar em pleno descampado.

  Scrooge não havia apagado jamais o nome de seu antigo sócio. Depois de tantos anos, ainda se lia sobre a porta de sua casa comercial o nome de Scrooge & Marley, pois Scrooge & Marley continuava como a razão social da firma. As pessoas que não estavam bem a par das coisas chamavam Scrooge ora por Scrooge, ora por Marley, mas Scrooge atendia pelos dois nomes indiferentemente. 
Disponível em: 
http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/port/infan2/Uma_Aventura_de_Natal.htm


Para ler "Uma Canção de Natal", na íntegra,  acesse:



Versões/ Adaptações

Para assistir, acesse: http://www.youtube.com/results?search_query=%22um+conto+de+natal+do+mickey%22&aq=f 

Para assistir, acesse: http://www.youtube.com/results?search_query=o.Natal.dos.Muppets.+-+parte+de+9&aq=f